João José de Oliveira
Negrão
No
último dia 29 de janeiro, o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento lançou relatório que mostra as tendências de
crescimento econômico e concentração de riquezas no mundo. A
situação é preocupante: nas duas últimas décadas, apesar de uma
economia crescente, a desigualdade aumentou em cerca de 11% nos
países em desenvolvimento. Um dado sintetiza isso: 1% dos mais ricos
do planeta detém a posse de cerca de 40% dos bens globais. Enquanto
que a metade mais pobre não chega a 1% da riqueza total acumulada.
Neste
cenário, felizmente, o Brasil é um dos países que foi na
contramão. Aqui houve redução da desigualdade. O Índice de Gini
saiu de 0,542 e chegou, em 2010, a 0,459. Por este índice, quanto
mais próximo de zero, maior é a igualdade; quanto mais perto de 1,
maior a desigualdade. Outro dado que confirma esta tendência
brasileira é a participação dos salários no PIB. Em 2003, era de
46,26%; em 2009, chegou a 51,40%.
De
acordo com o relatório, a principal causa da redução das
desigualdades (ainda grandes) no Brasil foi a política de elevação
do salário mínimo. Entre 2003 e 2010 ele teve um aumento real
(descontada a inflação) de 80%, o
que teve um peso na redução da desigualdade de
renda que foi o dobro do
verificado com os programas de transferência de renda, como o Bolsa
Família. O documento ainda destaca como fator positivo a questão
política, com a criação de espaços que permitem maior
participação da sociedade civil.
Já as chamadas
políticas de ajuste, centradas na estabilidade de preços, em vez de
puxar para o primeiro plano o crescimento e a criação de empregos,
seriam piores, do ponto de vista da redução das desigualdades,
segundo os analistas da ONU.
O relatório
pode ser encontrado em
http://www.undp.org/content/undp/en/home/librarypage/poverty-reduction/humanity-divided--confronting-inequality-in-developing-countries.html
João José
de Oliveira Negrão é jornalista, doutor em Ciências Sociais e
professor universitário
(Publicado no Bom Dia Sorocaba de 06/02/2014)
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